segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Protótipo




Filho de mecânico, Marcio José Vaz, 48 anos, aprendeu ainda menino, com o pai, os segredos dos motores. Aos 12 anos, num tempo em que a legislação trabalhista brasileira era muito diferente da atual, ganhou o primeiro registro como profissional na carteira de trabalho. Quando deu por si, percebeu que era um apaixonado por automóveis e aproveitou para fazer da paixão uma oportunidade de se realizar e também de garantir o sustento.

Além de deixar tinindo as máquinas dos clientes, passou também a customizar, restaurar carros antigos e inventar protótipos. Foi assim, inventando, que ele colocou para circular nas ruas de Londrina e região o 4X4 que rapidinho virou seu cartão de visita: a carroceria de um gol 1995, com pintura camuflada, armada sobre o chassi - comprado em um leilão - de um jipe da extinta Engesa, empresa que tinha como foco a produção de veículos militares.

''Você nem faz ideia. Esse carro já me trouxe muito serviço'', conta Vaz, todo orgulhoso, apontando para o veículo que além do visual robusto e exótico também é bom de mecânica. O motor é o Maxion ST, utilizado na picape D20, turbinado. ''Do gol, aproveitei só a lataria. Ampliei a frente, utilizando dois capôs para fazer um, pois tinha que caber o motor, e montei todo o restante, sobre o chassi. Foi trabalhoso, mas valeu a pena. O resultado foi um protótipo muito bom e que não dá problema. A pior coisa que tem é carro de mecânico quebrado no meio da rua'', explica, bem humorado, Vaz.

Para regularizar o protótipo, ele conta que foi preciso dar baixa nos documentos do Gol e depois submeter o veículo, que ficou pronto em 2001, à avaliação de um engenheiro mecânico e do Inmetro para conseguir o documento do Detran. ''A legislação diz que todo brasileiro pode fabricar até três protótipos por ano. Basta fazer tudo direitinho para conseguir a documentação'', destaca o mecânico que no ano passado realizou o antigo sonho de se formar em Direito.

Depois de trabalhar por mais de uma década na Rua Brasil (centro de Londrina), ao lado do antigo Cadeião da Rua Sergipe, vizinho que o obrigava a abaixar as portas a cada confusão, não raras, entre presos e policiais - ''tinha medo de sobrar uma bala para mim'' - ele se refugiou, em 1999, numa chácara no bairro Bratislava, em Cambé, onde tem espaço para receber vários veículos e dar asas à imaginação.

Fonte: Folha de Londrina

Um comentário:

  1. como faço pra conversar com Marcio José Vaz pra montar e saber sobre prototipos. Obrigado

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