sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Visual de um motociclista

Hoje, visitando o site de uma revista sobre motos, chamada "Revista Motovrum", me deparei com uma matéria que fala sobre o visual do motociclista.

A matéria é a seguinte:

"Um dia desses vivenciei algo incrível. Primeiro fiquei feliz ao ver um programa de televisão de grande repercussão apresentando um quadro em que, a pedido de uma mulher, fariam algumas mudanças no marido que era motociclista. O programa mostrou um pouco sua vida, seus amigos de estrada, o pessoal do motoclube, as motos, os eventos e até aí estava tudo legal, em meio a reportagem foi ficando evidente todo o empenho da produção em modificar aquele homem com aspecto rude e aparência realmente estranha. No final do quadro, fiquei perplexo ao ver como o homem ficou diferente, ele próprio ficou admirado com o resultado, era visível a satisfação da esposa e dos filhos. Então pensei o quanto aquele homem tinha perdido em sua vida; ele era aceito entre os amigos de estrada, se sentia feliz junto a sua turma, mas, ao que tudo indica, ele foi aos poucos se aniquilando como homem, esposo, pai, cidadão, no que se refere à aparência, personificando o estereótipo de motociclista rebelde, e se não fosse o programa, viveria os próximos anos de sua vida escondendo os reais traços de seu rosto, que a essa altura já era bem mais agradável. Aí, fiquei pensando: quem é que estabeleceu que motociclista deveria ser cabeludo, barbudo, obeso e empoeirado?"


E a matéria segue adiante...quem tiver interesse em ler a matéria completa, esse é o link: http://www.motovrum.com.br/versaoimpressa/img/mv_ed_57.pdf , caso não abra direto na matéria, esse é o link do site: http://www.motovrum.com.br/versaoimpressa/

Essa matéria foi escrita pelo Sr. Lucas Pimentel.





Lucas Pimentel


Lucas Pimentel: 41 anos, casado, motociclista desde 1988, fundador da ABRAM - Associação Brasileira de Motociclistas, presidente atuante em período integral na ABRAM, escritor, cantor e compositor. Membro titular da Camara Temática de Educação para o Trânsito e Cidadânia do CONTRAN. Defensor da regulamentação da atividade de motociclista profissional desde 1997, profundo conhecedor da Biblia, consagrado evangelista pela Igreja de Cristo Pentecostal no Brasil em 1994, fundador do Ministério Motociclistas de Cristo, atual presidente da ABRAM, idealizador dos projetos, ações e campanhas sociais da entidade, dos quais destacamos a Campanha de Responsabilidade Social do Setor das Duas Rodas, Palestrante do PRAM - Programa de Prevenção de Acidentes com Motocicletas da ABRAM, entre outras.

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Olha só o que descobri; o Sr.Lucas é o Presidente da "Associação Brasileira" que representa a categoria que eu pertenço: "os motociclistas".

Mas achei a matéria que ele escreveu um tanto preconceituosa, portanto, eu discordo do Sr. Lucas, pois acredito que cada pessoa tem sua personalidade. Não existem regras para o vestuário de um motociclista, mas acho que se o cara tem os cabelos compridos e deixa a barba crescer, é porque ele gosta desse visual.

E esse visual faz parte da personalidade de cada pessoa. Por exemplo: nosso Presidente da República usa barba....outra pessoa mais famosa que ele; Jesus Cristo.........usava barba e cabelos compridos...

Mas enfim....para explicar bem o que penso a respeito do assunto, vou copiar um texto que que se chama "ILUSÕES ÉTICAS", que explica como beleza, pureza e status se confundem com a virtude:

"Ilusões Éticas"

"Como beleza, pureza e status se confundem com a virtude"
por Lauro Edison, 5 de junho de 2008 (Filósofo e Intelectual)


Peter Jackson disse que a saga O Senhor dos Anéis, por ele dirigida, havia se baseado no mesmo ethos da saga Star Wars. Ethos? Descobri, assim, que ethos era a aparência das cenas, o clima, a atmosfera dos filmes – bem, não há tradução exata. Mas logo notei que era esta a palavra que, anos antes, eu procurava quando, de modo vago, me referia ao "clima estilizado" de filmes como Matrix e Alien: uma certo "modo de ser" que envolvia todas as cenas, enfim, uma "estética própria" - era um ethos!

Então, lendo recentemente um texto sobre ética, sou pego de surpresa pela seguinte explicação: "A palavra ‘ética’ relaciona-se com ‘ethos’, que em grego significa hábito ou costume". E o Houaiss, na etimologia do termo "ética", registra: Êthos: 'modo de ser, caráter, costume'.

E, de repente, uma cortina de significado se abriu.

Imagine a conexão entre aquilo que é sagrado para uma cultura, seus tabus, seus diretos e deveres, seus comportamentos e costumes, por um lado; e agora, por outro lado, sua moda e roupas (em inglês, costumes!), sua arte e estética, sua tradição e hábitos: a primeira é sua ética, a segunda é seu ethos.

Mas agora temos uma clara relação entre ambas. O "modo correto de ser" (ética) acaba se confundindo com o "modo de ser" (ethos). A mesma pista está em um dos sinônimos de ethos, a palavra "caráter". Em Portugal, ainda se diz, reveladoramente, carácter. Ora, os derivados característica e caractere apenas se referem ao modo como as coisas são, mas o caráter aponta para a qualidade moral do sujeito, ou seja, não de como ele é, mas de como deve ser.

Mas que estranha relação é esta entre beleza, refinamento e moral?

Antes, uma revelação: graças à nossa história evolutiva, é universal na natureza humana a tendência instintiva a criar confusão entre pureza (limpeza ou sujeira), status (nobreza ou pobreza) e estética (beleza ou feiúra), por um lado, com virtude moral (a bondade ou maldade de alguém), por outro. Isto faz da nossa espécie vítima de uma ilusão cognitiva: sentimos que pessoas belas, castas e/ou poderosas são, também, confiáveis e moralmente elevadas.

O inverso vale para quem nos parece feio, promíscuo e/ou pária.

Por isso palavras como "nobre" e "bonito" (ex.: gesto nobre e bonito), "puro" (coração puro) e "imaculado" (alguém "sem manchas") ligam a virtude moral tanto à beleza, quanto ao status e à pureza. Ao contrário, termos como "vilão" (pobre habitante da vila), "nojento" (sujeito nojento) e "feio" (um ato feio) ligam pobreza, sujeira e fealdade a imoralidade e falta de ética.

Pois bem: o ethos, enquanto "modo de ser", é estilo e aparência. O bom ethos é, portanto, beleza e estética, que por sua vez são diretamente ligados a status e refinamento. Então, parece que temos uma resposta: sendo nossos instintos o que são, não admira que a nossa palavra para o bem moral, a ética, tenha origem em uma palavra para o bem estético e a beleza, o ethos. E como diz Steven Pinker, em Tábula Rasa, "as pessoas julgam que homens e mulheres atraentes são mais virtuosos".

Isto é surpreendente!

Pergunte: "o que ser bonito ou rico tem a ver com ser bom?", e todos dirão convictamente: "nada!". Mas aquilo que a razão sensata de qualquer um diz, na prática, é obscurecido por instintos que dizem o contrário. Quando você está diante de uma pessoa bonita, vai sentir - gratuitamente - que ela é boa e confiável. Do seu ponto de vista, a razão disso é que, além de ser bonita, ela é mesmo boa e confiável. Mas agora vimos que a chance de serem apenas os seus instintos lhe pregando uma peça é bastante alta.

E, tragicamente, o mesmo vale no caso inverso: pessoas sem grandes dotes físicos ou algo no bolso, estas lhe parecem pouco confiáveis. Você não sabe o porquê. Não há nenhuma conexão consciente entre a condição social de alguém, e seu grau de bondade e confiabilidade. A coisa é instintiva. E seus instintos lhe dizem que elas não são confiáveis, e é só isso que você sente.

Você não pensa: "ela é pobre e mal vestida, portanto não é confiável"; você apenas sente: "esse jeito dela, sei lá, não parece confiável".

Em suma: ostentar um bom ethos (status, beleza e pureza) é a maneira de aparentar virtude ética (bondade). Tais ilusões morais são perigosíssimas, como já veremos. Mas fascina perceber que esta péssima herança evolutiva da humanidade contaminou até a palavra "ética", lá em sua origem.

Mas, sim, nossa ilusão instintiva é um desastre: não é por acaso que faltam beldades e pessoas simpáticas no contingente de presidiários, pois as pessoas tratam como pouco confiáveis aquelas que acham muito feias e, então, a profecia muitas vezes se cumpre por si mesma; pelo mesmo motivo, as pessoas bonitas têm lugar de honra nos postos de poder.

Não falo apenas de beleza física, é claro. Vestir-se bem e "de acordo" é algo que também faz parte do truque: ternos, vestidos, tipos de calçados e os demais adereços, tudo isto compõe o ethos de alguém. Este é parte do motivo pelo qual as pessoas são tão atenciosas com os bem vestidos, indiferentes com quem está "à-toa", mas ficam nervosas e até inseguras com maltrapilhos.

Seja como for, onde o instinto humano vê ethos, vê ética.

Onde vê falta de ethos, vê falta de ética.

Mesmo Platão, com seu ar de sabedoria suprema, apenas dava voz aos próprios instintos quando argumentava que a origem do Bem está na Perfeição e no Belo - e, é óbvio, dizia que o Mal é a corrupção de tal Perfeição e Beleza. Quanta desgraça esta confusão universal da natureza humana pode causar?

Os exemplos se multiplicam, mas o pior deles é, sem dúvida, o nazismo. A relação entre a "pureza" (racial), a "beleza" (ariana) e a "moralidade elevada" são tão óbvios como eram em Platão (e por sinal Hitler admirava a cultura helênica), e foi tal ilusão que fascinou os nazistas. Mais do que nunca, a ilusão de que a perfeição moral estava na beleza física e na aristocracia rendeu péssimos frutos – e a política de "higiene racial" diz tudo.

Pois cuidado! O moralismo está sempre à espreita, e você só ganha o título de "confiável" se obedecer às regras: se se trata de sexo, é preciso limpeza e pureza: portanto seja monogâmico, hetero e fiel; quando é status, ele te exige riqueza e, portanto, trabalho: então não ouse perder tempo se divertindo, vagabundo! Suba na vida!; o tema agora é aparência? Então se cuide melhor, não faça feio, não vá andar largado que é coisa de marginal.

Tais "regrinhas de etiqueta" logo se tornam intolerância da pior espécie! E isto porque Bertrand Russell tinha razão ao dizer que o maior deleite para o moralista é poder infligir sofrimento com a consciência limpa. Significa que, se alguém é visto como imoral, pode e deve ser maltratado à vontade:

Quando os europeus acharam que os negros africanos eram feios, sujos e miseráveis, os tornaram escravos - e o preconceito segue vivo; mulheres "impuras" foram queimadas e apedrejadas - e ainda são alvo de humilhação; os homossexuais continuam sendo vistos, por muitos, como doentes passíveis de cura - e o termo "doença" evoca nojo e medo de contaminação; o burguês se rebela contra os que ignoram o status, isto é, os vagabundos ociosos, que de forma merecida acabam como mendigos esfomeados - ou ao menos deveriam!

Sentiu o drama?

Confundir moral com beleza, status e pureza é nitroglicerina pura.

Por tudo que vimos, a etimologia da palavra "ética" é muito reveladora. O termo era e é explicitamente relacionado à busca do bem moral. Porém, para a mente humana, o dito "bem moral" está sempre do lado dos nobres, belos e ditos puros. O "bom ethos" continua sendo uma propaganda das elites, que só funciona porque nosso obsoleto instinto moral atinge todas as classes: até a dona de casa mais pobre aponta sua admiração moral para a imaculada e virgem Maria e para Jesus, o Rei dos Reis. Mais uma vez, pureza e nobreza.

Em todos os lugares e épocas, a ilusão é ativamente presente.

Quando quisemos designar o "bem moral", demos o nome de "ética". Mas até mesmo neste momento de batismo nós ainda estávamos com a beleza, o requinte e a pureza do ethos em mente. Como fugir de um instinto tão forte?

Como sempre, a razão e o intelecto são a única saída.

Descobrir o problema já foi um ótimo começo.

*****

Falei, neste texto, de ilusões morais. Devemos abandoná-las, é claro. A beleza, o status e a pureza ou castidade, ou a falta deles, nada têm a ver com se uma pessoa é boa ou má, confiável ou perigosa, merecedora ou não de nossa admiração e entusiasmo. E, dito assim, sequer parece novidade. Não é mesmo: todos nós, quando pensamos racionalmente, já sabemos disso.

Saber não basta, contudo.

Enquanto não colocarmos a inteligência à frente de nossos julgamentos instintivos e automáticos, os quais nem sabemos de onde vêm (bem, agora sabemos), continuaremos confiando excessivamente nos belos e poderosos, e sendo gratuitamente hostis tanto com as pessoas comuns, quanto com as que, por um motivo ou outro, ofendem os moralismos vazios da moda.

Haverá porém alguma ética verdadeira, desvinculada do ethos, e capaz de nos mostrar o verdadeiro bem?

Haverá, para além da confusão de nossos perigosos instintos morais, uma Moral certa para nos guiar?

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Terno & Moto??? Você acha que isso combina???
Alcindo das Neves Filho
Motociclista desde 1983.


Fontes:

http://www.motovrum.com.br/versaoimpressa/

http://www.suasticazul.hbe.com.br/

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