segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Motoclubismo 2ª parte.

Na outra pista, os motoclubistas, digamos, moderados não escondem que só estão nessa para espairecer. "É mais lazer e entretenimento do que estilo de vida", diz a administradora de empresas Danielle Carstens, 30.
Ela e o marido, o engenheiro Luciano, estão entre os fundadores do motoclube Águias Indomáveis, criado em 2003.
Danielle admite que há um certo preconceito de seu grupo com os "cegezeiros" (donos de motos CG, mais baratas e menos potentes).
Nos encontros de motociclistas, os dois extremos não se misturam muito. "Eles devem nos ver como um bando de almofadinhas que só querem passear no fim de semana. E isso não é mentira", brinca.
Ela inclui os Águias Indomáveis na categoria dos grupos "família", cada vez mais comuns nas estradas do País.
O que não chega a ser uma surpresa, visto que até motoclubes gospel já viajam por aí.
Mas uma turma só de policiais seria algo impensável há 20 anos.
É justamente essa a marca registrada dos Paladinos, formado em sua maioria por delegados, investigadores, coronéis, sargentos, etc.
Muitos dos membros nem tinham motos antes de conhecer o grupo, como explica o policial civil Almir Alberti, 50, da Delegacia de Furtos e Roubos.
"Tem um coronel amigo nosso, por exemplo, que não se deu bem com a moto e hoje está feliz com seu triciclo".
Nas viagens, ele conta, as mulheres e filhos seguem o grupo em vans alugadas.
E se o destino é um encontro entre motoclubes, é quase certo que os Paladinos serão vistos com uma certa desconfiança. "Algumas pessoas sentem receio, sim.
Os Abutres, por exemplo, sempre ficam meio arredios", diz.
Alberti ainda revela que não facilita a vida de eventuais arruaceiros só porque são da mesma tribo.
"Independentemente de ser de motoclube, a gente tem de enquadrar quem estiver armado ou portando droga. Todos já estão cientes disso".
Para o policial, o surgimento de grupos independentes é uma reação à rigidez dos mais tradicionais.
Em muitos deles, os novatos (também chamados de prósperos) são tratados como calouros e devem se submeter a uma série de provações.
"Já vi homens de barba branca varrendo o chão, limpando motos e comprando cerveja enquanto os outros ficam de perna para o ar. Isso é uma humilhação", diz.

Durão, dos Abutres, rebate. "Em qualquer sociedade existe hierarquia. Você não faz gentilezas para as pessoas mais velhas?".

Salsicha pensa da mesma forma. "A gente coloca o próspero à prova mesmo, para saber se ele está disposto a ajudar". A intenção, eles garantem, é que todos sirvam ao grupo. Nesse debate, apenas uma coisa é certa: vai faltar estrada para tanta gente.

Fonte: Bonde News.

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